quinta-feira, 30 de junho de 2011
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Fui fazendo aos pedaços, dando meio passo, sorrindo de um só lado, mexendo um só braço. E foi nessa meia-estrada que eu quase te esqueci. Eu quase te deixei. Quase disse adeus. A lembrança quase foi embora. Meu amor próprio quase foi maior que o meu amor por você. Quase chorei. Quase desisti. Mas depois, quase recomecei. Quase ergui a cabeça. Quase não olhei pra trás. Mas olhei. Quase quis me jogar da ponte. Quase me isolei. Quase gritei. Quase desisti de nós, de mim. Quase fiquei trancada no quarto. Quase me calei. Quase falei excessivamente. Mas cá estou eu, feita de quases, nessa quase vida, sem mudar em nada. Cá estou eu, em metades, sem decisões. Cá estamos nós, os mesmos, sem emoção ou companheirismo. Nós quase formamos um casal de verdade, quase. Patrícia Havenny
Eu perdi todos os papéis da peça, perdi as chances de saber o final dos diálogos e a possibilidade de contracenar com vilões ou mocinhos. Eu fui jogada nesse canto sem ternura, sem orgulho, sem reflexões. O calendário corre e eu não quero mais dar corda no relógio, já vi gente chorando por ter esquecido, gente esquecendo de ter chorado e gente esquecendo de que chorar renova o esquecimento. Já vi criança estendendo a mão e idoso com o olhar vago. Qual o nome daquele autor que diz que no fim haverá algum sentido para isso tudo? Sei lá. Esqueci. Chorei. Eu sou dona de uma solidão tão fixa e cruel que não me deu escolhas a não ser me acostumar com ela. Mas eu digo que não tenho medo - e não tenho mesmo - porque, ainda que em forma de sopro, a alegria me visita. Quem me vê assim, diz que vivo sorrindo - é que os detalhes me refugiam, as besteiras do mundo, as folhas caindo no outono e as embalagens de suco industrial, todas cúmplices do meu momento teatral, aquele mesmo que me privaram de ter ao nascer. Escrevi minha peça para não viver da realidade que me entregaram. No entanto, existem as pausas, os descansos, para recomeçar no outro dia. Bebo e como da minha tristeza profunda, refaço minhas feridas, não engulo o choro não. Mas sou atriz, ainda que em meio expediente, enquanto o público espera uma apresentação decente e enquanto eu não espero aplauso algum. Patrícia Havenny
Patrícia Havenny
segunda-feira, 27 de junho de 2011
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