terça-feira, 5 de julho de 2011

Solidão de Ser Três.

Se eu contar, ninguém acredita. Nem eles. Uma camisa xadrez em frente à televisão pensava no passado e nas lembranças que nunca haviam deixado seu quarto. A pequena solitária olhando pela janela do sétimo andar as luzes do prédio ao lado que, timidamente, formavam um “S” de saudade. E o maior porquê da tristeza em massa estava não muito longe, em um bar falido de mesas tortas e enferrujadas, como sua vida. O velho, a moça e o beija-flor. O amor mais mal vestido da rua de baixo. A felicidade faz as malas mais depressa quando vê no horizonte o desamor, e ela bem sabia disso. Tinha de três o que só precisava de um, doses absurdas de conforto e prazer. A camisa xadrez pouco sabia do que se passava em si, mas encontrava sua vida facilmente nos outros, fingia aquela eternidade que só existe na arte, mas deixava tudo de lado por um sorriso ao anoitecer. O mal do amor de hoje é guardar as coisas em um canto calmo, privar do caos quem te salva da dor, querer esquecer as noites onde a misericórdia do Senhor é tão inalcançável. O mal do amor é se entregar ao primeiro beija-flor que te pede por favor. Ao encontro de um olhar cansado a lua se escondeu ao ver a traição de corações perdidos e desguiados, e espera a resposta do mais forte sentimento sublime e perverso. As ligações desviadas na madrugada e as infinitas vezes em que ela dormiu no sofá esperando a campainha mostram que não basta o amor, mas tem que saber amar. Escrever no vento é puro descontento. E depois do desencanto, quando todos se perderam, quando a morte levou o sorriso, quando o céu ficou cinza; depois de terem desfeito a alegria de três vidas por um motivo beija-flor qualquer; enterram todas as mágoas naquilo que podem. Uma camisa xadrez em frente a um videogame esquecido na caixa, a pequena solitária na sacada de um andar primo e um desguiado não-sóbrio, fazendo desfeita da vida, desatando os nós que deveriam ser fotografados na eternidade de alguns anos. E a paixão que ia e vinha, cansou. Agora vivem nessa solidão de pinguim viúvo, sem ter o apego de amar novamente. O triângulo que, mesmo unido, estava na solidão de três corações perdidos no tempo. Um amor ou dois, três desconhecidos e algumas lágrimas caídas. E na solidão de ser três, ninguém percebeu o lado negro do amor.

Adriano C.

     Solidão de Ser Três.

Se eu contar, ninguém acredita. Nem eles. Uma camisa xadrez em frente à televisão pensava no passado e nas lembranças que nunca haviam deixado seu quarto. A pequena solitária olhando pela janela do sétimo andar as luzes do prédio ao lado que, timidamente, formavam um “S” de saudade. E o maior porquê da tristeza em massa estava não muito longe, em um bar falido de mesas tortas e enferrujadas, como sua vida. O velho, a moça e o beija-flor. O amor mais mal vestido da rua de baixo. A felicidade faz as malas mais depressa quando vê no horizonte o desamor, e ela bem sabia disso. Tinha de três o que só precisava de um, doses absurdas de conforto e prazer. A camisa xadrez pouco sabia do que se passava em si, mas encontrava sua vida facilmente nos outros, fingia aquela eternidade que só existe na arte, mas deixava tudo de lado por um sorriso ao anoitecer. O mal do amor de hoje é guardar as coisas em um canto calmo, privar do caos quem te salva da dor, querer esquecer as noites onde a misericórdia do Senhor é tão inalcançável. O mal do amor é se entregar ao primeiro beija-flor que te pede por favor. Ao encontro de um olhar cansado a lua se escondeu ao ver a traição de corações perdidos e desguiados, e espera a resposta do mais forte sentimento sublime e perverso. As ligações desviadas na madrugada e as infinitas vezes em que ela dormiu no sofá esperando a campainha mostram que não basta o amor, mas tem que saber amar. Escrever no vento é puro descontento. E depois do desencanto, quando todos se perderam, quando a morte levou o sorriso, quando o céu ficou cinza; depois de terem desfeito a alegria de três vidas por um motivo beija-flor qualquer; enterram todas as mágoas naquilo que podem. Uma camisa xadrez em frente a um videogame esquecido na caixa, a pequena solitária na sacada de um andar primo e um desguiado não-sóbrio, fazendo desfeita da vida, desatando os nós que deveriam ser fotografados na eternidade de alguns anos. E a paixão que ia e vinha, cansou. Agora vivem nessa solidão de pinguim viúvo, sem ter o apego de amar novamente. O triângulo que, mesmo unido, estava na solidão de três corações perdidos no tempo. Um amor ou dois, três desconhecidos e algumas lágrimas caídas. E na solidão de ser três, ninguém percebeu o lado negro do amor.

Patrícia Havenny'

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